Oito autoescolas de Mato Grosso estão sendo investigadas por suspeita de participação em um esquema de fraudes na emissão de carteiras de habilitação. A irregularidade foi alvo da Operação Fraus, deflagrada pela Polícia Civil do estado, no dia 27 do mês passado, também em Goiás e Tocantins. Após a operação, 17 autoescolas de Goiás tiveram as atividades suspensas, além de quatro mil processos para a obtenção de CNHs.
Em Mato Grosso, as autoescolas suspeitas de envolvimento no esquema criminoso continuam atuando normalmente, de acordo com a assessoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT).
A princípio, eram 135 pessoas investigadas e agora esse número subiu para 175, pois, durante as investigações, a polícia identificou o envolvimento de outras 40 pessoas, supostamente beneficiadas com a fraude. “À medida que a investigação se avança se elucida mais e mais situações e supostos envolvidos e beneficiários do esquema criminoso”, pontuou o delegado Joaquim Leitão, que conduz a investigação.
A investigação apontou que carteiras de habilitação estavam sendo emitidas sem que fossem realizadas as provas teóricas ou práticas, exigidas na legislação de trânsito, em Mato Grosso e nos estados citados.
A maioria dos beneficiados pelo esquema era analfabeto, semianalfabeto ou idosos. A maior parte morava em Goiás. Contudo, a investigação e a operação foram deflagradas em Mato Grosso, pois os moradores do estado vizinho se deslocavam para fazer a prova em Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, onde foi deflagrada a operação, para fazer a prova e obter a habilitação, mesmo sem saber dirigir ou pilotar motocicleta corretamente.
Na operação, quatro servidores do Detran de Mato Grosso foram detidos suspeitos de colaborar com o esquema criminoso. Por conta das investigações, o então presidente do órgão, Gian Castrillon, foi exonerado do cargo pelo governador Silval Barbosa dois dias após a operação. O ex-presidente negou qualquer irregularidade e disse ser favorável à realização de uma auditoria no Detran.
Operação 'Fraus'
Dos 39 municípios onde foram cumpridos os mandados de prisão e de busca e apreensão, oito são de Mato Grosso. As investigações começaram em setembro de 2010 em Barra do Garças. A fraude foi descoberta depois de uma denúncia encaminhada ao Ministério Público do município da região Araguaia onde uma pessoa informava que uma autoescola do município oferecia facilidades para retirar e até revalidar a CNH.
Os candidatos eram aprovados sem fazer provas práticas, teóricas ou de direção, e ainda conseguiam aprovação nos exames feitos por pessoas que se passavam por eles nas provas. As pessoas que compravam esse tipo de serviço pagavam valores entre R$ 600 até R$ 5 mil. Os alvos da operação foram proprietários de autoescolas, fiscais do Departamento de Trânsito (Detran), instrutores e pessoas responsáveis por autoescolas de Barra do Garças.
As pessoas que forem presas podem responder pelos crimes de corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha, alteração indevida de sistema de dados e falsidade ideológica. O nome da operação vem do latim e significa ‘uma mentira contada com boa intenção’.