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Emílio Santiago é velado no Rio

O velório do cantor Emílio Santiago começou por volta das 14h desta quarta-feira (20) na Câmara Municipal do Rio, na região central da cidade. Amigos, parentes e fãs do artista aplaudiram a chegada do corpo do artista. O enterro está marcado para as 11h desta quinta (21), no Memorial do Carmo, no Caju, na Região Portuária. Ele será enterrado ao lado do local onde sua mãe, Hercília, foi sepultada.

A atriz e radialista Daisy Lucidi chegou ao velório do cantor Emílio Santiago pouco depois de 12h acompanhada da radialista Wilma Guimarães. “Ele tinha uma das vozes mais maravilhosas do Brasil. Falou comigo no aniversário dele (em fevereiro) e pretendia gravar mais uma música do meu filho (Luiz Mendes Jr.), de quem já havia gravado algumas. Dessa vez, não deu tempo”, lamentou.

Amigos se despedem
A cantora Alcione saiu por volta das 11h15 desta quarta (20) no Hospital Samaritano, na Zona Sul, onde o corpo do cantor Emílio Santiago aguardava a liberação para o velório. Emílio morreu na manhã desta quarta após complicações de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Como é que o Brasil vai viver sem essa voz e como é que eu vou poder viver sem o meu amigo? E como é que eu vou poder viver sem o meu amigo? Sempre cantando juntos, desde a noite. Mas com certeza está com seu Luís e dona Hercília, que eram os pais dele que amavam muito ele, e junto com outros cantores fazendo uma festa para ele. A gente tem mais é que se conformar, e pedir a Deus que ele seja bem recebido pelos espíritos socorristas. Ele vai estar muito bem, nunca fez mal a ninguém, só cantou o amor e a beleza desse país. Agora vamos nos conformar e rezar para que fique tudo bem com ele”, disse a cantora Alcione, muito abalada, ao deixar o hospital às 11h15.Alcione ressaltou que Emílio era uma pessoa saudável e que o AVC pegou a todos de surpresa. “Isso foi uma coisa que doeu muito na gente. Quando a pessoa é muito doente, a gente espera uma coisa, mas ele não. Até o vi na Fátima Bernardes, e de repente, isso. Eu fiquei muito passada, já no dia do AVC, eu estava aqui no dia e vim para cá. Eu só consegui passar a mão no braço dele e dizer “estou aqui” e ele disse “que bom minha irmã”. Essa foi a última vez que eu falei com ele”, disse emocionada.

Segundo a assessora e amiga Eulália Figueiredo, o nome de Alcione foi um dos últimos que o artista conseguiu balbuciar no dia 7 deste mês, quando sofreu o AVC. Ainda de acordo com ela, a artista, que era amiga de Emílio há 40 anos, esteve no hospital neste dia.

Eulália informou ainda que os amigos tinham esperança na recuperação do cantor, que, no dia em que teve o AVC, foi encontrado pela funcionária em torno de 6h45, que tentou reanimá-lo e chamou o socorro. ” A gente tinha esperança porque o quadro dele era estável. Ele não fumava, não bebia e era um homem forte”, afirmou Eulália.

Vencedor de diversos festivais de música, Emílio iniciou a carreira na década de 70 e gravou grandes sucessos como “Saygon”, “Lembra de mim” e “Verdade chinesa”. O último disco do cantor foi “Só danço samba (ao vivo)”, lançado em 2012, junto com um DVD.

Paixão pela música
Emílio Santiago nasceu em 1946 na cidade do Rio. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito, mas a paixão pela música fez com que ele iniciasse sua carreira participando de diversos festivais de música, sendo vencedor de muitos deles. “Transas de amor”, seu primeiro compacto, saiu em 1973. A estreia em um álbum cheio aconteceu dois anos mais tarde. Autointitulado, o trabalho trazia interpretações de canções de nomes como Ivan Lins, Gilberto Gil, Nelson Cavaquinho e Jorge Ben.

Conhecido pelo tom de voz ao mesmo tempo grave e suave, o cantor apresentou diferentes gêneros durante sua carreira, mas esteve especialmente voltado para a música romântica, a MPB e o samba. Em 1988, lançou “Aquarela brasileira”, o primeiro disco da série criada por Roberto Menescal e Heleno Oliveira. O álbum trouxe a releitura de 20 clássicos da música brasileira, como “Sampa” (Caetano Veloso), “Anos dourados” (Chico Buarque e Tom Jobim) e “Eu sei que vou te amar” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

A série “Aquarela brasileira”, responsável por aumentar consideravelmente sua popularidade no país, teve mais seis volumes, o último deles lançado em 1995. Um de seus mais importantes trabalhos, “Feito para ouvir”, de 1977, foi reeditado pela Dubas Musica em 2009. Outro relançamento em sua carreira aconteceu em 1989 com “Brasileiríssimas”, seu segundo disco, originalmente de 1976. Entre seus maiores sucessos estão “Saigon”, “Verdade chinesa”, “Lembra de mim”, “Vai e vem”, “Tudo que se quer” e “Flor de lis”.

Seu último disco saiu em 2012, uma versão ao vivo de “Só danço samba”, de 2010 – que,  por sua vez, foi o primeiro trabalho do selo Santiago Music. O álbum é uma homenagem ao  “rei dos bailes” Ed Lincoln, trazendo canções que fizeram sucesso nos clubes do Rio de Janeiro nos anos 60, além de músicas atuais de artistas como Mart'nália, Jorge Aragão e Dona Ivone Lara. Ao todo, sua discografia conta com 30 álbuns e 4 DVDs.

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