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Advogado e policial são presos por suspeita de extorsão em cidade de MT

Um advogado e um investigador da Polícia Civil foram presos nesta quinta-feira (11) suspeitos de extorsão e corrupção, em Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá. O crime foi descoberto depois que uma das vítimas contou à polícia que vinha sendo coagida a pagar o advogado, de 32 anos, para que supostamente não fosse preso, mesmo não tendo cometido nenhum crime e embora não tivesse a prisão decretada pela Justiça. Esse rapaz chegou a pagar R$ 10 mil durante cerca de quatro meses.

O delegado Marcelo Jardim, que conduz o inquérito sobre o caso, contou que o advogado dizia ter informações privilegiadas de dentro da delegacia e tinha condições de 'trancar' inquéritos em andamento e impedir que prisões fossem decretadas. Para isso, contava com o respaldo desse policial civil, que recebia espécie de comissão para ajudar na farsa. “Esse policial não tinha conhecimento das investigações porque não participava delas, mas dava credibilidade ao advogado no momento da extorsão”, disse.

O G1 entrou em contato com o advogado e ele alegou que as denúncias são infundadas. Segundo o suspeito, o rapaz que o denunciou era cliente dele e tinha o procurado para que o acompanhasse até a delegacia, quando foi intimado a prestar depoimento como testemunhas de um furto. “Ele foi me procurar no meu escritório, não fui até ele”, disse. Quanto ao policial, ele negou qualquer ligação para a coação de vítimas e alegou que o investigador era cliente dele em outro processo.

Segundo o delegado, várias pessoas foram vítimas do golpe. Porém, somente esse rapaz que começou a ser extorquido depois que a empresa onde ele trabalhava ter sido alvo de furto. Há aproximadamente quatro meses, três veículos foram furtados do pátio dessa empresa e a Polícia Civil começou a investigar o caso. Nisso, vários funcionários foram intimados a depor, incluindo essa vítima. O funcionário foi procurado pelo advogado, que inventou mentiras, segundo o delegado, para que ele lhe desse dinheiro.

“O advogado falou que iriam pedir a prisão dele (funcionário) e que precisava de dinheiro para barrar esse mandado de prisão. Depois, disse à vítima que um policial queria matá-la”, afirmou o delegado, ao avaliar que a intenção do suspeito, além de obter vantagem financeira, era promover a desordem e fazer com que as pessoas fossem contra policiais, que são conhecidos na cidade pela atuação dura.

O advogado foi autuado em flagrante por corrupção ativa, tráfico de influência e extorsão, enquanto o policial civil por corrupção ativa. A Justiça decretou a prisão domiciliar do advogado, que é ex-diretor da cadeia pública de Primavera do Leste, porque no município não há sala especial para ele e o investigador continua detido na delegacia.

Marcelo Jardim explicou que as investigações continuam e que há suspeita de envolvimento de outros dois policiais civis e de dois militares no esquema. Ele tem 10 dias para concluir o inquérito e encaminhá-lo à Justiça.

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