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Acervo de fotógrafo reúne 70 anos da história de Cuiabá em museu

Considerado o primeiro repórter fotográfico de Mato Grosso, Lázaro Papazian chegou a Cuiabá no ano de 1926. Morreu aos 86 anos após registrar pelo menos 70 anos da história da capital e deixar o que pode ser o maior acervo fotográfico de registros da Cuiabá antiga. Papazian é tema da tese de doutorado da historiadora Maria Auxiliadora de Freitas, que pesquisou a fundo a obra desse homem.

“Política, cultura, social e com a parte do urbano. Essa mescla de fotografias me deu aquela sensação de que era possível trazer o Lázaro de volta à memória do povo cuiabano e dos feitos dele”, comentou a historiadora.

Lázaro nasceu em 15 de agosto de 1906, na Armênia, terra que deixou por conta da primeira guerra mundial. Após a perseguição e morte do pai, ele, a mãe e os irmãos se refugiaram em Paris, onde foi influenciado por grandes nomes da pintura e fotografia. Mais tarde, foi para a Argentina e chegou no Brasil em 1922.

Quatro anos depois, conheceu a capital mato-grossense. “Quando Mário Corrêa da Costa o convidou para fotografar em Cuiabá, ele veio e fotografou a posse e disse que gostou. Foi aí que ele ficou no hotel Explanada e montou seu primeiro estúdio fotográfico”, contou Maria Auxiliadora. Lázaro começou a tirar fotos em uma época onde era quase impossível viver apenas dessa profissão.  Por isso, era também representante comercial. A historiadora explicou que Papazian utilizou outras profissões como alicerce para sustentar a vinda dele para a capital. 

Um dos filhos do fotógrafo, Pedro Papazian conta como os pais se conheceram. “Por coincidência, ele conheceu a minha mãe e daí começaram a namorar. Logo na sequência houve o casamento. Isso foi em seis de agosto de 1936”, pontua. Pedro disse que o pai sempre o ensinou sobre a ética e lembra dele como um pai zeloso. “Tenho muito que agradecer a isso”, disse emocionado.

Entre os registros de Lázaro Papazian está a primeira visita de Getúlio Vargas ao estado, em 1941. Também o encontro do presidente Eurico Gaspar Dutra com Leonel Hugueney, prefeito de Cuiabá na época. E em 1961 registrou a visita de Jânio Quadros.

O historiador Silvano da Silva Siqueira foi o responsável pela organização e acondicionamento do acervo com as obras de Papazian. “A memória é presencial, a memória no papel. Fotografia é história a partir do momento em que os historiadores vão lá e investigam e fazem pesquisa por outros tipos de documento. De maneira a identificar informações naquela fotografia”, explicou.

O estúdio de Lázaro ficava na Rua do Meio, chamada hoje de calçadão da Ricardo Franco, Centro Histórico de Cuiabá. As fotos ficavam expostas ao público e se tornavam atração. “Todo mundo olhava e muita gente dizia: 'Nossa, olha o casamento da minha mãe ali”, completou a historiadora.

O acervo encontra-se no que se encontra no Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (Misc). Esse local foi a residência do Alferes Joaquim Moura, que era responsável pela cobranças dos impostos na época. O Misc fica localizado na Rua Voluntários da Pátria, esquina com a Rua Sete de Setembro, em Cuiabá.

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