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&#39Fui forte e saí desta&#39, diz jovem que ficou 80 dias internada após incêndio

Após 80 dias internada, a universitária Kelen Ferreira deixou o Hospital de Clínicas de Porto Alegre na quarta-feira (17) para voltar a Santa Maria e matar a saudade de casa e dos familiares. A jovem de 20 anos ficou ferida do incêndio na boate Kiss, em 27 de janeiro, que matou 241 pessoas. Com uma proteção nas mãos, devido a queimaduras, ela lembrou que desde o início dizia que se recuperaria, pois é uma pessoa forte, como mostra a reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV (veja o vídeo abaixo). Quatro pessoas seguem internadas em hospitais de Porto Alegre.

“No dia do acidente, quando cheguei ao hospital, eu disse para o tio 'eu sou forte, vou sair desta'. Quando cheguei aqui ontem eu disse: 'tio, eu fui forte, saí desta'”, conta Kelen. Emocionado, o tio Roque Ferreira diz que nunca duvidou da capacidade da sobrinha. “Para mim é motivo de muita felicidade. Todos os dias que eu ia visitar ela na CTI eu dizia: Kelen, não esquece o que tu me disse, tu é forte'”.

As primeiras horas em casa foram para aproveitar o carinho da família. A irmã Mariane Ferreira não escondia a alegria ao lado de Kelen. “É uma felicidade sem fim, não via a hora de abraçar, beijar, apertar, gritar, xingar!”, brinca, arrancando risos da irmã.

Estudante de Terapia Ocupacional, a universitária agora planeja voltar às aulas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em setembro. Ela completou o quarto semestre à distância. Kelen teve 18% da pele do corpo queimada, e seguirá tratamento.

Do pouco que lembra do dia da tragédia, Kelen tenta recordar da pessoa que a tirou de dentro da boate. Em função da grande quantidade de fumaça, ela teve a visão prejudicada. “Foi um homem que me tirou de lá, não lembro do rosto dele. Não era alto nem baixo, nem gordo nem magro, e não sei se estava de branco ou cinza. Era muita fumaça e não consegui enxergar”.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 241 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.

O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados

Veja as conclusões da investigação

– O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
– As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
– O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
– A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
– A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
– As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
– A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
– Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
– As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
– Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

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